terça-feira, 5 de maio de 2009

Pequenas empresas, grandes promessas

A combinação do forte fluxo de capital externo para a Bovespa com valorizações que passaram a ser espalhar para além da linha nobre do Ibovespa a partir de abril é que estão refletidas nas recomendações para a Carteira Valor de maio. Em meio ao balaio tradicional de commodities, bancos e concessionárias de serviços públicos, ganham relevância papéis de empresas menores, de baixa capitalização ("small caps") e que estão longe de ser os centros de liquidez da bolsa brasileira. Com a melhor distribuição dos recursos que ingressam no mercado local, a percepção dos analistas é de que movimentos como o de ontem, que levaram o índice a uma alta de 6,59%, aos 50.404 pontos, possam ser, de fato, consistentes. O giro chegou a R$ 7,221 bilhões, o maior desde 15 de abril.
Para se ter uma ideia da dispersão, as 10 corretoras participantes da Carteira Valor indicaram 41 papéis diferentes para maio, em comparação aos 30 do mês de abril. Tamanha diversidade só encosta no número de recomendações de dezembro passado, quando 37 ações foram escolhidas. Não que os principais carros-chefes do Ibovespa, como as preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras (4 indicações), Vale PNA (2) ou o setor financeiro, com Itaúsa PN e Redecard ON (com 2 menções), ou ainda Itaú Unibanco PN e Bradesco PN (1 indicação cada) tenham deixado de ser as opções preferenciais. Mas o que se nota é que abaixo das fronteiras da liquidez, os analistas já se sentem mais confortáveis para eleger ações pelo critério exclusivamente fundamentalista, luxo que não podiam se dar nos meses em que a crise internacional mostrava a sua face mais devastadora.
"O forte fluxo (externo) de investimentos veio combinado com uma valorização significativa na segunda linha, o que não se via há muito tempo, e isso está associado não só à redução da aversão a risco global como às perspectivas mais favoráveis para a atividade local", resume a estrategista da Ativa Corretora, Mônica Araújo. Para ela, embora não seja possível ser conclusivo a respeito da longevidade desse capital, o direcionamento de recursos para ações de menor liquidez pode ser interpretado como um posicionamento de, pelo menos, médio prazo.
Sem abandonar a ideia de focar setores mais estáveis, com certa previsibilidade de resultados e fluxo de caixa, como Itaúsa PN, Eletropaulo PNB e Vivo PN, a casa também agregou alternativas mais arrojadas do universo da segunda linha. Incluiu Guarani ON e Iguatemi ON.

Para Mônica, o desconto atual de Guarani em relação às concorrentes São Martinho e Cosan não condiz com a capacidade de esmagamento de cana da companhia controlada pela multinacional francesa Tereos e essa diferença tende a ser reduzida. "Trata-se de uma empresa bem administrada, que atua em toda a cadeia de açúcar com presença até no varejo, além das expectativas positivas para a commodity em si", explica, referindo-se à quebra de safra na Índia, que elevou as cotações no mercado internacional. Já a escolha de Iguatemi é um caso de investimento com apelo típico de mercado interno. As medidas de estímulo ao consumo adotadas pelo governo começam a trazer resultados para a economia local e o aumento do tráfego em shopping centers é um dos resultados esperados.
O trânsito de capital externo ganhou velocidade porque muitos gestores de portfólios globais estavam subalocados em ações e tiveram de buscar mercados que os remunerassem a contento e o Brasil foi um desses destinos, diz o chefe de análise da Bradesco Corretora, Carlos Firetti. Para ele, apesar de haver pontos de fraqueza evidentes na economia americana e global, houve uma pausa no fluxo de notícias negativas. Nessas condições, é preciso "viver o momento" para aproveitar as oportunidades de curto prazo. A casa, que já tinha uma inclinação para o mercado interno e para a segunda linha com Drogasil ON e Cosan ON, incluiu as units (recibos de ações) da América Latina Logística (ALL) e as ações ordinárias (com direito a voto) da GVT.
Embora a ALL tenha fatia importante do negócio em commodities metálicas, o investimento no papel se justifica mais pelas perspectivas ainda favoráveis para o transporte da safra agrícola, argumenta Firetti. Além disso, a parceria com a Cosan - para a construção de uma plataforma de transporte de açúcar e derivados do interior de São Paulo até o porto de Santos - dá base para a tese de que este pode ser também um caso de crescimento. Ontem, ALL disparou na Bovespa, teve ganhos de quase 15% e figurou como a maior alta do Ibovespa.
A aposta em crescimento também aparece na escolha de GVT. A empresa de telefonia fixa vem ganhando participação de mercado e tem nas operações de banda larga uma das suas principais frentes de expansão, cita Firetti.
Embora as "blue chips" ainda sejam o destino da maior parte do capital externo, é na segunda linha que vão estar os retornos mais atraentes, considera o chefe de análise da Link Investimentos, Andres Kikuchi. "A tendência agora é que os investidores façam a sintonia fina, olhando mais o 'case' do que o fluxo de curto prazo." Não por outra razão, a casa mescla papéis como Vale PNA e Itaúsa PN com Copasa ON, OHL ON e Suzano Papel.
Tanto entre as "small caps" quanto nas frentes de liquidez da Bovespa há ações que, com o rali de abril - e a estilingada de ontem -, ficaram próximas de seus preços-alvos e é de se esperar que haja uma busca por opções que tenham ficado para trás, diz o analista da Spinelli Corretora, Jayme Alves. O movimento recente foi notadamente puxado pelas companhias de papel e celulose, além de construção civil, e haveria espaço para uma diversificação adicional.

Fonte: Valor Economico

Seja o primeiro a comentar

Lomadee, uma nova espécie na web. A maior plataforma de afiliados da América Latina

  ©Template Blogger Green by Dicas Blogger.

TOPO