Bovespa - Tarifas alteradas
Em meio à crise, a BM&FBovespa decidiu alterar sua política de preços e tarifas para estimular os negócios, melhorar a receita e fazer frente à concorrência da Bolsa de Nova York, que tem custos menores.
Os negócios da antiga BM&F, com futuros e commodities, terão descontos progressivos, que beneficiarão o investidor que gira grandes volumes, já partir do dia 16. Mas punirá os que fazem pequenas operações de hedge [proteção].
Na antiga Bovespa, enquanto o percentual dos emolumentos [comissão da Bolsa] terá redução, aumentará o custo de serviços, como custódia de ações, transmissão de dados, licença de softwares, entre outros. Considerando as taxas de negociação e liquidação, haverá redução de 0,0350% para 0,0335% no percentual cobrado sobre as operações. A mudança vigora apenas a partir de 6 de abril.
A novidade causou polêmica no mercado e motivou protesto de algumas corretoras. Os dois maiores beneficiados serão os estrangeiros e o investidor pessoa física com volume de até R$ 300 mil. Para ambos, não sobe o valor de custódia. "Eles ainda terão o benefício da redução do emolumento", diz Carlos Kawall, diretor de relação com investidores da Bolsa.
Kawall admite que a diminuição no volume negociado levou à queda na receita da Bolsa e das corretoras. "Infelizmente [a queda nos volumes], tem impactado diretamente na receita [da Bolsa]", disse.
A crise derrubou o preço das ações e fez com que o volume financeiro caísse na Bovespa. No mês passado, foram movimentados R$ 75,5 bilhões, cifra 40% inferior à registrada em janeiro de 2008. O número de negócios cresceu 27,8% no período.
Como os preços vão demorar para subir e reaquecer o volume movimentado, a BM&FBovespa quer estimular o número de operações feitas em pregão, como forma de compensar o mau momento do mercado.
Kawall afirma que a Bolsa procura migrar seu mix de receita para um menor peso nos emolumentos e um maior na receita de serviços como custódia, transmissão de dados etc.
Com a saída contínua, desde junho do ano passado, dos estrangeiros do pregão da Bovespa, a participação do investidor pessoa física passou a ganhar mais relevância para os negócios do mercado doméstico.
"Por mais que haja uma barateamento de custo na terceira casa [decimal], a instituição de tarifas e a mudança de política de cobrança aumentam nossos custos", diz Marcus Eduardo de Rosa, da Planner. "Para a corretora, não tem impacto nenhum porque é repassado tudo ao cliente", disse Robson Queiroz, da corretora SLW.
Ex-presidente da Bovespa e fundador da BM&F, Eduardo Rocha Azevedo, da Convenção, diz que sempre há "chiadeira" nos períodos de crise. "A Bolsa podia melhorar o atendimento ao corretor, mas tem de dar lucro para pagar ao acionista."
Fonte: Jornal Folha de São Paulo
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