quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Fundos de Ações - Bolsa numa cota só

Investidores que querem entrar no mercado de ações de uma maneira diversificada têm uma alternativa aos fundos de ações oferecidos pelos bancos. São os fundos de índices que negociam cotas em bolsa, os chamados Exchange Traded Funds (ETFs). Esses fundos montam suas carteiras de acordo com as carteiras dos índices de mercado, o que faz com que suas cotas sigam de perto a variação dos referenciais.
Há várias vantagens. As taxas de administração dos ETFs são muito menores que as dos fundos de ações em geral. O investidor pode acompanhar a rentabilidade e onde está aplicado seu dinheiro observando o desempenho e as carteiras teóricas dos índices, divulgados diariamente pelas bolsas. E o acesso é simples, uma vez que as cotas são compradas e vendidas como uma ação em qualquer corretora. Há também vantagens fiscais para pequenos investidores: as vendas de PIBB ou dos demais ETFs até o valor de R$ 20 mil por mês não pagam imposto - enquanto nos fundos de ações, sempre há imposto de 15% sobre o ganho.
O mais antigo ETF brasileiro é o fundo Papéis Índice Brasil Bovespa, o PIBB, criado pelo BNDES em parceria com o Banco Itaú em julho de 2004. Ele reproduz o Índice Brasil 50, das 50 ações mais negociadas da Bovespa ponderadas por seu valor de mercado. No fim de novembro do ano passado, foram lançados pelo Barclays outros três fundos de índice, um que reproduz o Índice Bovespa, o Bova11, e os outros de dois novos indicadores, um de empresas menores ("small caps"), o Small11, e outro de médias e grandes empresas ("mid-large caps"), o Mila11.
A ideia dos ETFs, de comprar em um único contrato uma cesta de ações, é muito boa, avalia Marcia Dessen, da consultoria BankRisk. No caso do PIBB, a cota reflete a variação de 40 ações. No Bova11, são 66. "O custo é bem atraente em relação a outros fundos de ações", observa ela. O único senão é a questão da liquidez. "O investidor precisa ver se há volume de negócios suficiente para quando ele quiser vender", observa Marcia.
Ela destaca que é importante observar não apenas o volume financeiro, mas o número de operações com as cotas. "Esse é o desafio desses investimentos, assegurar que existe mercado secundário para as cotas, porque o investidor brasileiro está acostumado com horizonte de curto prazo e liquidez." Marcia lembra, porém, que o investidor pode parcelar sua saída do mercado, mas para isso não pode precisar do dinheiro de uma hora para outra. "Mas como dinheiro de bolsa nunca deve ser o dinheiro das emergências, não vejo problema", diz.

No caso do PIBB, a média de negócios está em 70 por dia neste ano, representando R$ 2,1 milhões. Já o Bova11, o iShare do Ibovespa, vem tendo 66 negócios por dia, com valor de R$ 5,3 milhões. "É uma quantia razoável", diz Márcia. Mas é muito menos que os 19 mil negócios diários de Petrobras PN ou os 18 mil de Vale PNA.
O volume de negócios com iShares, no entanto, tende a aumentar a partir de março. A bolsa vai inaugurar um sistema que facilitará aos grandes investidores transformar automaticamente ações em cotas do fundo, explica Murilo Robotton, diretor executivo de Produtos da BM&FBovespa. "Hoje, para fazer isso, é preciso já ter as ações em carteira ou então alugá-las no mercado, o que dificulta a operação", diz ele.
A partir do início do próximo mês, haverá um sistema especial que registrará as compras de ações feitas no próprio dia para formar as cotas do fundo. Com isso, o volume de negócios com iShares deve crescer e, com ele, o patrimônio do próprio fundo, com a conversão de mais ações em cotas. E isso permitirá uma ampliação dos limites de operações com opções de Bova11, diz Robotton. "Estamos estudando e vamos conversar com a Comissão de Valores Mobiliários para aumentar os limites com derivativos de iShares", diz. Segundo Robotton, várias corretoras informaram que investidores gostariam de lançar opções de Bova11, mas não conseguiam pelo limite do mercado. A mesma medida, em tese, poderá valer para o PIBB. "Mas isso depende dos responsáveis pelo produto estarem prontos", diz.
O PIBB, apesar de mais velho, não caiu no gosto dos bancos. Com taxa de administração de só 0,06% ao ano, é um dos ETFs mais baratos do mundo - o Bova11 cobra 0,54% ao ano. Com outros fundos de ações cobrando pelo menos 1% ao ano - alguns fundos passivos cobram até 3% ao ano para fazer algo parecido -, a aplicação acabou ficando relegada a segundo plano. Recentemente, o PIBB ficou também sem formador de mercado, a corretora Ágora. Os iShares tem o Citibank como formador.
Um ponto que o investidor precisa observar ao optar pelo PIBB ou pelo Bova11 é o custo de corretagem, que pode variar bastante de instituição para instituição. Comprar 100 cotas de PIBBs na Itaú Corretora, por exemplo, a R$ 56 cada, teria taxa de corretagem de R$ 55,17, ou 0,98% do preço pago pelos papéis, de R$ 5.600,00. Na Unibanco Investshop, a mesma operação sairia por R$ 29,95. O impacto do custo é maior para valores pequenos. Para comprar 10 cotas de Bova11, a R$ 38,00 cada, o investidor pagaria R$ 7,73 no Itaú (2% do valor da compra, de R$ 380,00 ) e R$ 2,13 no Unibanco (0,56% da compra). Há também a custódia, cobrada anualmente, e que também varia de corretora para corretora.

Fonte: Valor Economico

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