É hora de entrar na bolsa? Dicas
Esta é uma matéria interessante feita pela Infomoney sobre os motivos que levam alguém a entrar ou sair da bolsa de valores. Fala ainda sobre as forma de recuperação na crise (W, U e V). Acompanhe:
É bem sabido que o investidor Pessoa Física tem a fama de ingressar na Bolsa justamente no fim da festa, quando o Ibovespa está em alta, influenciado por amigos e conhecidos que estão ganhando dinheiro com as aplicações. O fato de ele vender seus papéis quando há uma queda, por conta do componente emocional envolvido, é outra velha máxima.
Prova disso é que, entre agosto e setembro do ano passado, quando o Ibovespa registrou médias de 55.680 e 49.541 pontos, respectivamente, houve queda na quantidade de investidores pessoas físicas na Bolsa, que passou de 529.089 para 527.692. Pode parecer pouco, mas o dado é relevante, se considerarmos que, desde abril daquele ano, esse número apenas aumentava.
A boa notícia é que, aparentemente, muita gente aprendeu a lição. Quando houve a vertiginosa queda no índice, entre setembro e outubro do ano passado (de 49.541 pontos para 37.256), verificou-se um pequeno aumento no número de contas de pequenos investidores, de 2,74%. Isso revela menos propensão ao pânico.
Mas para quem não tem experiência no mercado de ações, este parece guardar mistérios somente acessíveis a uma minoria da população. O fato, porém, é que não existem segredos e, apesar de os investimentos exigirem estudo, interesse, cautela e dedicação, a Bolsa está aí para todos.
Como se prevenir
Neste momento, os grandes investidores estão de olho na recuperação da economia. Eles aguardam movimentos de queda na Bolsa para comprar ações. Quem está fora do mercado de ações deve, então, estar pensando: devo apostar na Bolsa? Se sim, quando?
O portal InfoMoney perguntou a alguns especialistas o que eles esperavam da economia, já que esta pode se refletir na Bolsa. Para o estrategista da TCX Participações, Edgard Tamaki, a recuperação da economia está mais para o U do que para o W ou a raiz quadrada, símbolo que, segundo ele, se mostrou desgastado.
"Acredito que todo mundo está patinando no fundo do U", revela. "E até o final do ano, ainda estaremos próximos ao fundo do poço".
Isso se dá, principalmente, por dois indicadores: de emprego e de produção industrial, sendo que o primeiro impacta mais do que o segundo, na opinião do estrategista. "Se uma pessoa teme perder o emprego amanhã, hoje já irá consumir menos. Os Estados Unidos têm o maior nível de consumo do mundo. Caso os americanos não voltem a consumir como antes, será difícil o mundo se reerguer, porque a China depende das exportações para os EUA, assim como o Japão".
Pode ser um W?
Já o economista Nouriel Roubini, que ficou famoso por ter previsto a crise mundial, aposta em um W, o que significa que, após a primeira queda haverá uma leve recuperação, para que depois ocorra nova retração. Seu argumento se baseia no petróleo, cujo preço do barril pode chegar a US$ 100 até o final do ano, ocasionando "um choque negativo para economia", uma vez que "deverá ocorrer uma correção significativa para ações, commodities e até para o crédito". A afirmação foi feita durante uma entrevista à rede televisiva CNBC.
Outra razão para que a recuperação seja em W é a injeção de recursos nas empresas, por parte dos governos, o que deve gerar inflação e, consequentemente, o aumento das taxas de juros. O provável resultado será o desaquecimento da economia.
Além disso, a combinação "arrecadação menor e mais gastos" pode ser perigosa, porque resulta em déficit e reduz a capacidade de investimento. "É uma bomba relógio. Todos esperam do governo uma política fiscal e monetária expansionista, mas, lá na frente, alguém terá de pagar a conta". Se Roubini estiver certo, explica Tamaki, a economia ainda está no primeiro V do W.
Na opinião do professor de Economia e Finanças da Fucape e FGV, Paulo César Coimbra, o U pressupõe uma forte queda, estagnação e forte alta. Ele não crê que isso deva acontecer. O economista propôs então uma figura inusitada: um W com o primeiro V mais acentuado que o segundo. Isso implica queda forte, leve recuperação, queda menos acentuada, e nova recuperação.
Oportunidade para comprar
"A primeira queda, mais acentuada, já tivemos. No momento, estamos vivenciando uma leve recuperação, então estamos no meio dos dois Vs. Não acredito que teremos um forte ritmo de crescimento nos próximos meses. A pequena alta no Ibovespa, registrada entre março e junho, dificilmente se repetirá até o final do ano", analisa Coimbra. Eis uma oportunidade para quem deseja entrar na Bolsa e pensa no longo prazo.
Ele apenas recomenda ao investidor não tentar ser o dono da bola de cristal e não tomar decisões radicais. "Invista de forma gradual, pulverize os investimentos entre as empresas e não fique só na Bolsa. Destine um percentual considerável à poupança ou a fundos multimercados. Ninguém sabe o que acontecerá no futuro".
O professor alerta que muitas pessoas estão perdendo seus empregos nesta crise, uma vez que as empresas estão buscando reduzir gastos. Por conta disso, recomenda ao pequeno investidor, antes de entrar na Bolsa, direcionar à renda fixa o equivalente a 12 meses de despesas fixas. "Se alguém possui despesa fixa mensal de R$ 1,5 mil, deve ter, pelo menos, R$ 18 mil aplicados em renda fixa ou poupança. Hoje, mais do que nunca, deve-se evitar riscos".
Aposte em boas empresas
Para Coimbra, a crise mundial afeta os preços das commodities, de forma que empresas exportadoras podem ser prejudicadas, e isso pode se refletir no valor de suas ações. É o caso das organizações que são o carro-chefe da Bolsa: a Petrobras e a Vale. "Mesmo as empresas de energia sofrem quando a economia não vai bem, porque o consumo de energia cai", exemplifica.
Ele diz que alguns setores que podem ser interessantes são os de papel e papelão, varejo e bancário. No caso deste último segmento, o professor da Fucape afirma que o pior da crise para essas empresas já passou. "Não existe fórmula mágica para ganhar dinheiro. A melhor dica que posso dar é: invista nas blue chips e diversifique". As blue chips são interessantes em períodos de volatilidade, como o atual, por conta de sua liquidez. Como são ações de primeira linha, são mais fáceis de vender.
Miguel de Oliveira, vice-presidente da Anefac (Associaçao Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), também diz que o importante é saber escolher as empresas e diversificar, quando o assunto é renda variável.
"Diversificar é importante porque às vezes um setor pode ir mal e outros irem bem. A crise atingiu todas as empresas, mas, eventualmente, uma delas pode se destacar. Boas alternativas são as empresas de primeira linha, como os bancos e a Petrobras". Como se pode ver, não há consenso quanto à Petrobras. Enquanto alguns recomendam seus papéis, outros alertam para seus riscos.
Seja seletivo
Na avaliação do conselheiro do Ação Jovem do Mercado de Financeiro e de Capitais, José Augusto Miranda, o investidor precisa conhecer bem a empresa na qual está investindo, por meio da análise fundamentalista, já que, ao comprar suas ações, torna-se um acionista e passa a fazer parte do negócio. Ele recomenda analisar:
* Quem são os administradores da empresa;
* Como a empresa funciona no dia-a-dia;
* Com base em que toma decisões;
* Qual seu potencial de valorização;
* Que tipo de riscos costuma assumir;
* Quais são seus concorrentes;
* Qual sua posição no mercado (frente à concorrência);
* O que produz ou que serviço oferece (há empresas de tecnologia cujo produto pode se tornar obsoleto daqui a cinco anos).
Ele sugere não ficar preso ao Ibovespa. "Se olharmos a performance de alguns papéis, iremos notar que alguns subiram muito rapidamente, enquanto outros ficaram para trás. Logo, neste momento, acredito que o importante é saber escolher os papéis. Em 2004, 2005, o investidor ganhava com qualquer ação que comprasse. No ano passado, o mercado ficou mais seletivo".
Fonte: Infomoney
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