Brasil se mantêm no 10º mais atrativo na indústria de petróleo
Apesar da descoberta do pré-sal, as incertezas regulatórias mantiveram o Brasil na 10ª posição entre os países mais atrativos para a indústria do petróleo, segundo pesquisa anual publicada pela consultoria britânica Robertson Research. O País chegou a liderar o ranking em 1999, ano do primeiro leilão da Agência Nacional do Petróleo (ANP), mas não passa do 10º desde 2005, ano em que o leilão foi suspenso por decisão judicial.
Após o anúncio das descobertas do pré-sal, o mercado esperava uma reação do Brasil no ranking, que é resultado de entrevistas com 85 petroleiras com atuação global. As notícias sobre mudança no modelo regulatório e aumento da presença estatal, porém, impediram o avanço, na opinião de especialistas do setor. O topo da lista deste ano é ocupado pelo Egito, que subiu uma posição com relação a 2007.
A pesquisa, chamada New Ventures Survey, ainda não foi divulgada à imprensa, mas já chegou às mãos dos clientes da Robertson Research. O documento ao qual o Estado teve acesso não inclui todas as avaliações feitas pelos analistas da entidade. Com relação à América do Sul, porém, eles dizem que "o risco político está se sobrepondo ao potencial exploratório e alguns países vêm falhando na criação de expectativas positivas".
Países da região que fizeram mudanças recentes na legislação do setor, Bolívia, Equador e Venezuela, nem sequer aparecem entre os 45 países mais atrativos. Peru e Colômbia, que, ao lado do Brasil eram apontados como países seguros para o investimento estrangeiro, galgaram posições. O primeiro, que fará licitação no fim de setembro, subiu cinco degraus, para o 11º lugar. A Colômbia está em 5º lugar, duas posições acima da do ano passado.
Apesar de manter-se na 10ª posição, o Brasil tem hoje um número maior de países à sua frente - a pesquisa permite que dois ou mais concorrentes ocupem a mesma posição, caso obtenham o mesmo número de pontos. Há hoje 15 países à frente do Brasil, ante 12 no ano passado. No ranking de 2008, o País perdeu posições para Tailândia, Omã, Malásia, Angola e Vietnã. O movimento foi compensado pelas quedas ainda maiores de Noruega, Nigéria e Mauritânia.
INCERTEZA
"O mercado reage muito rápido ao clima de incerteza", aponta o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, referindo-se às notícias sobre mudanças regulatórias, iniciada logo após o anúncio das reservas gigantes de Tupi, em novembro do ano passado. Na ocasião, o governo retirou blocos do pré-sal da lista de ofertas da 9ª Rodada de Licitações da ANP, que ocorreria semanas mais tarde.
Vem ganhando força a idéia de criar uma estatal para gerir as reservas do pré-sal e até em desapropriação de concessões chegou-se a falar, diz um executivo de empresa com participação no pré-sal. "Essa sucessão de notícias ruins esfria o ânimo de qualquer investidor."
Seja o primeiro a comentar
Postar um comentário