terça-feira, 16 de setembro de 2008

Alertas para impactos no BC dos EUA

Os resultados financeiros do próprio Federal Reserve (Fed, o banco central americano) começam a preocupar. Para evitar que mais bancos quebrem, o Fed anunciou uma série de medidas que vão facilitar os empréstimos para instituições com problemas, exigindo menos garantias. "Muita gente está preocupada com o balanço do Fed, que está ficando cheio de ativos podres", diz Benn Steil, diretor do Centro de Economia Internacional do Council of Foreign Relations.
O BC americano passará a aceitar ações como garantias dos bancos que precisam de empréstimos. "Vai na contramão do Banco Central Europeu (BCE), que está restringindo os ativos que aceita como colaterais."
Apesar de ter-se recusado a injetar dinheiro no Lehman Brothers, o Fed está ampliando a sua atuação para garantir a saúde dos bancos. "O Fed está expandindo o papel de credor de última instância, situação semelhante à vivida por bancos centrais da Ásia e da América Latina nos anos 90", disse Steil
Segundo ele, na época, as pessoas se refugiavam em dólares porque temiam uma situação inflacionária de bancos centrais sobrecarregados com a tarefa de garantir instituições financeiras. "O Fed está assumindo muitas dívidas e pode acabar na mesma situação", diz. "A instituição precisa ser mais cuidadosa com as garantias, se não perde confiança e as pessoas vão comprar euros ou ouro."

Para Vitória Saddi, economista-chefe para América Latina do RGE Monitor, a "flexibilização de regras" generalizada do Fed está afetando a confiabilidade da instituição. "É muito pior do que fazer um Proer, como nós fizemos, para socorrer os bancos; essa flexibilização de regras desmoraliza o sistema financeiro", diz a economista. "Só falta flexibilizar as regras contábeis."
Em seu artigo mais recente, Kenneth Rogoff, ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), também demonstrou preocupação com o aumento dos empréstimos dos bancos centrais. "O Fed, o BCE e o Banco da Inglaterra, coletivamente, fizeram empréstimos de curto prazo de centenas de bilhões de dólares para bancos", disse Rogoff.
Segundo ele, "se os bancos centrais tiverem de encarar grandes perdas em seus balanços, não será necessariamente o fim do mundo, mas a história sugere que consertar o balanço de um banco central nunca é um processo agradável". "Diante de perdas, um BC pode sair do buraco ou através de inflação ou da recapitalização, pelos contribuintes, duas soluções extremamente traumáticas."

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