Corretoras na corrida para fisgar o investidor
Já que estamos falando de corretoras, vejam o que elas estão fazendo pra atrair mais investidores:
A queda no volume de negócios de pessoas físicas na Bovespa está levando as corretoras a usar a imaginação para atrair os investidores. As iniciativas das instituições incluem campanhas com jogadores de futebol, abertura de escritórios e salas de ações e outros serviços especiais.
Em agosto, os negócios via internet - home broker - atingiram R$ 21,8 bilhões, para uma média de R$ 26 bilhões no ano, muito abaixo dos R$ 36,7 bilhões do pico de maio. A redução acontece apesar de o total de registros na Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia ter ficado praticamente estável de julho para agosto, em 529 mil contas. Isso mostra que o investidor está negociando menos, assustado com a queda de 14,85% do Ibovespa no ano.
Uma loja térrea com mezanino e cerca de 250 metros quadrados no coração do bairro Moinhos de Vento, um dos mais nobres de Porto Alegre, é a estratégia da XP Investimentos para capturar novos investidores. Comum em países como Estados Unidos e China, o formato pretende desmistificar e popularizar as operações em bolsa, facilitar o acesso dos clientes aos operadores e criar um novo espaço para os cursos e palestras promovidos pelo braço educacional da corretora, a XP Educação.
"Decidimos transformar o conceito de corretora em algo acessível a todos, de donas-de-casa a profissionais liberais", explica o sócio da XP e responsável pelas operações da XP Educação, Gabriel Leal. "Muita gente deixa de investir por medo e falta de conhecimento sobre o mercado e o que queremos é justamente quebrar esse bloqueio".
A loja foi aberta há um mês com investimentos de R$ 300 mil e recebe entre 30 e 50 pessoas por dia. Muitos são "curiosos", que nunca viram uma corretora, e boa parte volta para se inscrever nos cursos ou para abrir uma conta e investir, relata o executivo. Nesta semana, uma nova "loja-corretora" foi inaugurada, dessa vez em Campinas, em São Paulo, e mais duas estão programadas até o fim do ano, sendo uma em Minas Gerais.
Também atrás das pessoas físicas, a Win, braço de home broker da corretora Alpes, está há um mês com uma campanha estrelada pelo jogador Kaká, do Milan. A estratégia fez o número de consultas ao site quintuplicar e ajudou a corretora a manter o número de novos clientes cadastrados, em torno de 1,5 mil por mês, enquanto o restante do mercado caía 20%, diz Roberto Lee, diretor de marketing da Win. "Ele é nosso cliente e tem o perfil do novo investidor em ações, uma pessoa de outra área, que não tem tempo de ficar operando em bolsa, mas quer guardar parte das economias em ações", diz.
Já a TOV Corretora convocou o veterano meia-esquerda Neto, do Corinthians, exímio cobrador de faltas, para atrair os investidores. Para reforçar, a corretora cobra uma das menores corretagens do mercado, R$ 5,00.
Na Bradesco Corretora, a estratégia é se aproximar mais dos clientes, diz o superintendente executivo Wlademir Bidoy Mendonça. "Temos uma equipe que vai nas agências falar com gerentes e clientes, hoje de oito pessoas, que chegará a 12 até o fim do ano", diz. Além disso, o banco está ampliando o número de salas de ações, de 13 para 40 até o fim deste ano. "Temos ainda 72 pessoas em nossa central de atendimento de varejo para orientar as pessoas físicas, que sempre foram nosso foco", diz.
Também na linha da aproximação, a Gradual Corretora abriu 40 escritórios em todo o Brasil, onde pretende dar cursos e preparar os investidores para o mercado de ações, diz Marcelo Smarrito, diretor de estratégia e pessoa física da corretora.
Já a Ágora está usando seus boletins de TV e relatórios para acalmar os investidores, diz Claudio Gandelman, diretor de marketing e clientes. Além disso, a corretora colocou em funcionamento uma nova plataforma de negócios, que dá mais ferramentas para o investidor online.
No caso da XP, a unidade no bairro Moinhos de Vento, Porto Alegre, dispõe de sala equipada com computadores para os clientes acompanharem o mercado, quatro televisores, cafeteria e salas de reuniões. Doze operadores e dois gerentes trabalham no local, que funciona das 8h30 até às 19h30, mas em dias de curso o movimento só pára perto das 22 h. Agora o plano é instalar, na fachada, um "ticker" eletrônico com as cotações do dia.
Leal ainda não conseguiu mensurar o impacto do novo formato na captação de clientes, mas pretende atrair, só com a loja de Porto Alegre, mais 200 a 300 pessoas por mês para os cursos da XP Educação, que atualmente treina um contingente mensal de 2 mil aspirantes a investidores em 70 cidades do país.
Seja o primeiro a comentar
Postar um comentário