Notícia da Vale vira presente de grego
A Vale, segunda empresa mais importante dentro da Bovespa, esteve envolvida ontem num grande presente de grego que o mercado recebeu. As ações preferenciais (PN, sem direito a voto) série A da mineradora chegaram a subir 4,77%, mas caíram até 2,14% e fecharam em baixa de 0,65%. O Índice Bovespa seguiu a mesma toada: subiu 1,5%, caiu 2,72% e encerrou o pregão em baixa de 1,61% aos 53.527 pontos.
Logo de manhã, os investidores foram agraciados com a notícia de que a Vale estaria negociando um aumento de 20% no preço do minério de ferro vendido para as siderúrgicas chinesas. O rumor veio a calhar, já que no dia anterior os temores de desvalorização das commodities havia aumentado depois de a ArcelorMittal decidir cortar os preços do aço vendido para a África do Sul. Os investidores, que passaram as últimas semanas quietos, sem fazer grandes movimentos, se encheram de coragem e voltaram ao mercado, comprando principalmente as ações da Vale e de outras empresas de commodities, que andavam relegadas a segundo plano. A segurança do mercado fazia sentido, já que seria impossível acreditar num processo de queda das matérias-primas enquanto uma das maiores mineradoras do mundo percebe que ainda há demanda suficiente para mais aumentos.
No entanto, a alegria durou pouco. A mineradora se apressou em desmentir a notícia. Só que no mesmo comunicado a companhia disse que "mantém permanente diálogo com seus clientes, buscando a negociação, em termos mutuamente satisfatórios, de condições comerciais, envolvendo entre outros fatores qualidade, volume e prazos de fornecimento." Para os analistas, essa foi uma estratégia de "morde e assopra" em que, ao mesmo tempo que desmente, a empresa deixa aberta a possibilidade de divulgar boas notícias a qualquer momento, sem ser acusada de que não avisou nada.
Mesmo com a dúvida no ar, os investidores preferiram ler o comunicado ao pé da letra. E as ações que eles compraram na parte da manhã, foram vendidas poucas horas depois. A alta volatilidade dos papéis da Vale e das demais empresas de commodities assustou o mercado. Os investidores que resistiram bravamente à queda das matérias-primas nas últimas semanas e permaneceram com as ações em carteira, se renderam ao movimento da manada e venderam os papéis, acentuando a queda de ontem da bolsa. As PNA da Vale negociaram R$ 937,3 milhões, na frente até das PN da Petrobras, com R$ 637,7 milhões.
Esse tipo de reajuste no meio do ano parece estranho, já que tradicionalmente as negociações de preços do minério de ferro ocorrem apenas uma vez, no início de cada ano. "Este ano, no entanto, tem sido bastante atípico, as mineradoras australianas, por exemplo, cavaram reajustes maiores em vez de seguir o primeiro aumento proposto pela Vale, como sempre ocorreu", diz o analista da SLW Corretora Pedro Galdi.
Agora é a vez do campo
A bolsa divulgou ontem às corretoras o lançamento do programa "BM&FBovespa vai ao campo", no dia 12, em Campo Mourão, cidade paranaense com destaque na produção de soja e milho por cooperativas, segundo apurou o repórter Danilo Fariello. No comunicado, a bolsa afirma que o programa terá palestras e postos de atendimento que contarão com a presença do BovMóvel, um furgão estilizado da bolsa. A divulgação inclui folhetos e propaganda em mídias locais. Depois de Campo Mourão, será a vez de Maringá, no mesmo Estado. A iniciativa de ir ao campo fazer contato com o produtor agropecuário já é conseqüência da união de iniciativas das duas bolsas (Bovespa e BM&F). O programa "Bovespa vai até você", lançado em 2002, foi o principal projeto para atrair pessoas físicas. Já pelo lado da BM&F, a idéia é mostrar ao produtor rural alternativas com contratos futuros para que ele possa obter condições financeiras melhores ao vender sua produção.
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